domingo, 28 de junho de 2009

Há um ano

Há um ano, este foi o meu último dia grávida. E ao contrário da maioria das futuras mamãs, eu não estava nada farta. Estava de 36 semanas e para mim havia tempo para tudo. Acabar de arrumar a casa depois de três meses de obras; preparar o quarto da princesa que ainda tinha um lavatório de casa de banho encostado a um canto; a mala da maternidade por fazer... enfim, o mês que ainda supostamente tinha pela frente havia de ser suficinte para tudo o que ainda me faltava preparar. Fisicamente já me sentia cansada, pesada e as noites já não eram bem dormidas, mas eu queria eternizar aquele momento. Estava ansiosa por ver como era a nossa princesa, mas ao mesmo tempo estava adorar estar grávida. Estava há três semanas em casa, depois de uma baixa médica para para acalmar, e estava agora finalmente a preparar o meu ninho.

Pois é, o Pingo trocou-me as voltas. Há um ano, estava muito calor. Era um sábado e só saímos de casa à tarde. Os planos eram ir comprar um chinelos de praia ao papá, procurar soutiens de amamentação para a mamã e ir comprar um ar condicionado para o estúdio (estava tanto calor lá dentro que aposto que cozia lá um bolo de iogurte). E lá fomos nós, primeiro ao Colombo - onde a mamã comeu um belo de um gelado aí pelas seis da tarde - e depois ao Continente e ao Aki de Telheiras. Era lá que o papá tinha visto um ar condicionado que lhe enchia as medidas. Pois bem, enquanto o papá se perdia nos corredores do Aki, a mamã resolveu ir fazer umas comprinhas ao Continente. O plano de última hora era preparar um jantar catita em casa só para os dois. A ideia era cozinhar, saborear, relaxar e namorar :) Isto já deviam ser umas oito e tal da noite, a mamã despacha-se a colocar as compras no carrinho e paga. A pressa era uma grande vontade de fazer xi-xi. Nada de surpreendente numa grávida, muito menos aos oito meses de gestação. Liguei para o papá (que ainda estava no Aki de volta do ar condicionado) para me vir guardar o carrinho de compras pagas para eu ir finalmente à casa de banho. Chego à casa de banho e toca de fazer o meu xi-xi. Pois mas o xi-xi não parava. Lá pensei que de facto estava muito afilita e já nem dava conta, mas continuava a não parar. Até que resolvi olhar para a sanita... estava rosada!!!! Pânico!!! Ainda dentro da cabine da casa de banho ligo para a minha mãe. Do outro lado só oiço: "Filhota, a tua Laurinha vai nascer nas próximas 24 horas". A bolsa tinha rebentado e a nossa bebé queria nascer. Entrei em pânico. Desliguei o telefone sem ter feito o resto das perguntas que deveria fazer à minha mãe e fui ter com o papá, sabe Deus como. Calças todas molhadas, assim como quem se descuidou - é que ainda não vos disse que aquilo não parou -. Mas esperem, que ainda me falta contar como é que atravessei o corredor do Continente de Telheiras até ao papá naquele estado lastimável. Devo confessar que não me lembro se havia pessoas a olhar. A minha preocupação básica era não deixar escapar o líquido todo para que a minha filhota ter como ainda nadar mais um bocadinho. O papá coitado olhou para mim sem perceber o que se estava a passar, quando rapidamente lhe contei, olhou para mim incrédulo. Daí até à maternidade, foi um instante. Passámos a correr por casa para ir buscar o kit para a preservação das células estaminais. Foi o que eu levei... apenas. É que não sei se lembram, mas eu achava que ainda tinha tempo para fazer a mala da maternidade. Pois é!!! Logo eu que sou a arrumadinha a organizadinha. Saiu-me o tiro pela culatra (como diz o povo). No caminho para o Hospital de Santa Maria telefonei não sei quantas vezes à minha mãe. Lembro-me de lhe perguntar se era normal sair tanto líquido - o banco do carro do papá ficou todo molhado - de lhe dizer que não estava a sentir o bebé e de lhe pedir um último reconforto. As palavras doces foram: "vais ver que vai tudo correr bem e vais adorar ser mãe". E de facto adorei e estou a adorar.

Dei entrada na maternidade às 22 horas. Às duas da manhã tinha dois dedos de dilatação... às quatro já tinha quatro... às oito e 30 da manhã fui levada para a sala de partos já com a dilatação feita... e às 8 e 52 deu-se o momento mágico: a Laura nasceu de parto normal depois de muitas lágrimas e risos nervosos de cumplicidade entre mim e o papá (que esteve sempre ao meu lado). Estava à nossa frente o fruto de um grande amor que começou lá para Outubro de 2005. À família que naquele momento se formou, só consigo dizer que vos amo para sempre.


PS- Tenho cá para mim que ficava muito bem ao Continente encher de graça o frigorifico e dispensa cá de casa até aos 18 anos da Laura, não acham? Se calhar vou escrever uma carta ao eng. Belmiro...

1 comentário:

Lina Santos disse...

Tão bonito! E acho mesmo que devias escrever ao Belmiro.